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segunda-feira, 21 de março de 2011

Não há silêncio - By Sahge




Da morte não temo a vida, porque se a temesse
Evitaria como um louco a sua irmã gêmea.
São indistinguíveis no escuro, o choro ou o riso
E quem escuta?
Confundem-se no absurdo do contar de horas e anos.


Que faz existir um oceano senão gotas e rios perdidos
Que nele imergem sua unidade para se fundirem
No nada que é tudo?


Meu coração não é feito do sangue que bombeia,
Nem das fibras que alimenta,
Mas de cada batida dolorosa.
De cada batida lenta e dolorosa!

Cada passo em direção à morte me lembra de que estou vivo
E isso pode até ser redundância, mas
Cada vez que perco o fôlego, cada instante em que sufoco
Torna mais precioso o ar que respiro.
Minha vida
É feita de cada belo momento em que morro um pouco.

Eu olhei em teus olhos e menti a única mentira que conheço.
A de que nunca te amei menos do que fui capaz por vontade...
A verdade, (negue se quiser, és livre!)
É a de que não existe no mundo verdade alguma
Senão a de que você e eu somos um.
Confundidos como um híbrido de Céu e Inferno.
Uma aberração, uma linda e reluzente aberração.

O medo corre em suas veias como um veneno
Corroendo os seus dias como o tempo corrói a sua carne.
O medo de descobrir que nada no mundo é real
Exceto aquilo em que não acredita.


Eu,
Eu nunca vi um abismo sem querer me atirar ao fundo
Nem conto voar ao fazê-lo, mas sentir na queda o vento no rosto.
Mais um instante de vida enquanto caio!
Nunca fugi de um pesadelo ou da decadência.
Nem de presas, garras ou olhos maus no escuro.

Mas fujo das visões que pairam sobre a minha cabeceira...
Visões do teu corpo nu na luminescência da noite,
Flutuando no céu dos meus desejos inebriados.
E corro da lembrança dos teus lindos olhos lânguidos,
E da sua alma prateada,
Que faz meu sangue correr como lava.

Ah, eu contava encontrar no vácuo do nada o silêncio
Que calasse toda a vida que pulsa em mim.
Contava silenciar a humanidade que me desperta a tua memória.
Só não contava que no vazio que há, não há silêncio...
Há que se preencher com aquilo que mais se ama.

3 comentários:

  1. Nesse caso, Ana, somos dois...
    Porque eu escrevo muito, mas não gosto do que escrevo. Me parece tolo ou então que eu não disse do modo que eu queria...E tenho de decidir o que devo considerar tralha e o que vale a pena ser compartilhado...

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  2. Gostei muito. Essa poesia e meio mística, meio simbólica. Muito Boa.

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