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quinta-feira, 23 de março de 2023

Sândalo Caído 2- (ou sobre como a fábula da vida é contada sem zelo)

 


Da extinção do sândalo caído compus um poema tolo,

Em momentos de febre de sentimentos.

O gume frio do machado perfumado,

Que me inspirou versos tão insípidos

Nada valia sem o cabo que o empunhava.

O cabo, fora feito de um galho do sândalo,

E o Sândalo o forneceu à mão que o deitou.

E eu me juntei a camarilha sem inspiração para dar voltas no entorno de contradições vazias.


Mas à beleza daquela mulher insana já haviam cantado demasiados poetas ...

E ela ficou fria, bocejou votando aos meus versos banais - oração sem fé de uma alma atéia - justa indiferença.

E foi brincar de ser vento e dar nós nos pensamentos daqueles a quem sua loucura inspirava mais verdadeira e violentamente.


O sândalo caído e minha fé perdida…

A despeito da minha inércia, 

Sobre a trilha antiga, a vida se ergueu novamente em floração

Tempos e silêncios deram as mãos e as muitas chuvas lavaram da terra o perfume de sua queda.


E eis,

Tudo tem um início e nesse inicio já está delineado o seu fim.

Isso se aplica a chama da lareira, ao sândalo caído e a coisas em demasia.

Sinto isso, mesmo que minha razão teimosa fraqueje em aceitá-lo.

Reviro as cinzas da lareira a cata de uma ultima brasa e repito, sussurrando baixo, tentando convencer a mim mesmo:

Não foi a minha mão, não foi meu o machado”

E não serei cúmplice da minha própria queda hoje,

Mais do que fui dessas linhas sem inspiração, que minha impaciência lança ao fogo do meu esquecimento.

Talvez quando esta derradeira labareda se extinguir por fim,

Eu finalize esses versos bem como a tentativa de não pensar na sensação estranha de que minha história está sendo reescrita por mão invisivel e displicente.

E talvez por fim, o frio me expulse dessa janela,

E va dormir um sono silencioso e sem sonhos.


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