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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

O Problema do Copo 2- (ou de como uso utensílios domésticos para forjar delírios)


 

O copo é outro, claro, eu porém, penso ser o mesmo ou, no mínimo, reconheço-me  nesses fragmentos que ficaram daquilo que eu fui. 

Renovo o meu Eu antigo dando-lhe polimento  e reestreio velharias psicológicas no afã de forjar do mofo  algo que seja novo e reluzente.

Mas a questão que me paralisou, foi que eu bebi do copo muito menos agua do que usei momentos depois, para lavar o copo no qual bebi. 

Absurdo e absorto, fiquei feliz e triste pelo dilema que iria me consumir nas próximas horas e pela água que desceu pelo ralo em maior abundância que pela minha garganta.

Os paradoxos, são o meu brinquedo favorito para passar as horas de ócio meditativo.

Uma criança a brincar com cacos de vidro e lâminas de barbear.

"Para inicio de conversa - pensei enquanto lambia o sangue dos dedos e recolhia os cacos do chão - , eu nem mesmo estava com sede de água, mas de metafísica e de poesia."

E mais ainda -  será que o que ainda em mim há,

Há de querer o que não há mais em mim? -

Não tenho o bastante que me inspire a ser generoso, 

Mas bem posso compartilhar ausências e dividir meus hiatos.


"Mas como me falta o que quero e o que tenho não me preenche, 

estou cheio de insuficiências, 

repleto de vazio e transbordante do desejo de estar cheio."


A terra girou tantas vezes em torno do sol e eu, sem eixo, em torno de mim mesmo,

E nem entrou na minha contabilidade líquida, 

As lagrimas que verti, (tolo e comovido com a própria tolice),

Quando pensei no oceano que lancei pelo ralo,

Nos meus atos de higiene equivocada.


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