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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Poema que Correu Fora da Realidade

 


O que há de real e verdadeiro,

há, de real e de verdadeiro,

Ainda que fora da minha percepção.

 

Filosofando versos para a escuridão sem rima, 

Me esquivo dos cumprimentos polidos de toda a gente de alma pálida,  que me quer banal e citadino.

(Se ao menos um visse que na escuridão dos meus olhos ardem estrelas…)

Naquelas horas  de êxtase místico, contando as batidas do meu coração em descompasso ou 

desenhando a rota dos pássaros em voo, eu resisto.

Existindo no esforço de existir.

Relativizando o nada.

O mesmo nada, tão vasto e tão amplo quanto o tudo.

O tudo que há, de real e de verdadeiro.


É a musa intangível, que meus devaneios querem humana,  para calar as necessidades de literatura.

É Deus inexistindo ou existindo como coisa que não compreendo,

(como não o compreendem os que o pregam em latim ou o apregoam como coisa que se venda)

Pairando como mistério  inescrutável acima das minhas orações sem fé, 

Mas reais e verdadeiras.

Os meus medos, esses são imaginados e por isso mesmo, ainda mais terríveis.

E eles doem, como a culpa daquele que quis pecar e não pecou e sofre com a certeza 

de que lhe bastou esse querer para o condenar,  

mas sofre  ainda mais pela delícia não vivida do pecado desejado mas não cometido.

 

E, talvez um pecado cometido,

Seja mais real e verdadeiro do que uma virtude que não nasceu e ficou só na intenção de ser nobre.

 

 

 

Arte: Alexander Ant, via Pexels 

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